O fluxo de mercadorias pelo país vem crescendo e, com eles, os já tão conhecidos “gargalos logísticos”
De um modo geral, dos 5 maiores portos brasileiros, apenas Vitória reportou queda de volume, como reflexo direto da restrição judicial por danos ambientais imposta à operação de minério e carvão naquele porto em janeiro de 2016, que durou até junho.
Se, por um lado, minérios e combustíveis representaram 62% da movimentação portuária do Brasil no 1º semestre de 2016, por outro, o modelo de negócios dessas duas commodities demanda corredores logísticos eficientes e eficazes – em sua maioria próprios – e, portanto, não costumam contribuir para o chamado “gargalo logístico” brasileiro já que, em lugar do caminhão, utilizam majoritariamente ferrovias e dutovias para acessar ou sair dos portos.
Isso significa que nosso “gargalo logístico” é gerado por pouco mais de 1/3 da nossa movimentação portuária e, ao excluirmos “Minérios e Combustíveis” da análise, logo percebemos o expressivo crescimento de volume reportado por Santos e Paranaguá que, juntos, respondem por mais de 50% do restante das mercadorias movimentadas nos portos brasileiros: Grãos, Açúcar, Fertilizantes, Metais, Celulose, Carnes, etc.
Apesar dos Grãos e do Açúcar estarem cada dia mais utilizando o modal ferroviário, o “agendamento das carretas” para entrega da carga nos terminais, adotado nos últimos anos em Santos e Paranaguá, é o que tem dado certa sobrevida a esses complexos portuários.
Na tabela seguinte, foram selecionados os 25 maiores crescimentos de volume por grupo de commodity/porto. Além da enorme variação do crescimento absoluto de volume entre o primeiro e o vigésimo quinto colocados, chamam a atenção em termos proporcionais o crescimento de Papel e Celulose em Rio Grande e São Francisco, Grãos em Manaus (leia-se Itacoatiara) e Máquinas e Equipamentos em Pecém. Outra constatação importante é que o “Arco Norte”, ainda de maneira tímida quando comparado a Santos e Paranaguá, continua crescendo (ex.: Barcarena).
Contudo, o que a análise dos dados demonstra de forma categórica é que as exportações de Grãos continuam crescendo de maneira acelerada e que, devido aos volumes envolvidos, é preciso que saiam do papel os projetos de ferrovias, sejam esses novos corredores logísticos ou expansão dos corredores atuais, que visam levar a Soja e o Milho do interior do país para os Portos. Caso contrário o “agendamento de carretas” não será suficiente para evitar longos congestionamentos nos acessos aos portos.
Fonte: Guia Marítimo